Luciana Toffolo
O Green Day vem pra cá. E tem pessoas nutrindo uma baita expectativa por isso. Eu nunca entendi fãs de Green Day. Pra mim sempre foi tão claro que a banda é de uma pobreza gritante e que, se fez sucesso, foi só por uma questão de oportunismo, que é complicado tentar compreender.
Contextualizemos: Dookie, do qual saíram “Basket Case”, “Welcome to Paradise”, “She” e “When I Come Around”, foi lançado em 1994, mesmo ano em que Kurt Cobaincometeu suicídio, o grunge, naturalmente, dava seus suspiros finais, e toda a leva anterior de excelentes bandas como Faith No More, Red Hot Chili Peppers – sim, eles já foram excelentes – e Jane´s Addiction lançavam seus álbuns mais fracos.
No Reino Unido, bombavam a música eletrônica e o britpop mas, acredite, na época o planeta era uma coisa muito mais dividida e, importante, as pessoas eram, digamos, mais fiéis a alguns princípios: não era lá a coisa mais digna de orgulho admitir que uma hora a depressão de Seattle estava batendo à porta para, logo em seguida, se jogar na pista de dança para curtir embasbacado o som do Chemical Brothers.
Então eu entendo que, em um vácuo desses, tenha sobrado uma brecha para o Green Day. Fazendo um paralelo com a música atual: quando tudo está mais do que diluído e que Justin Bieber, a família Restart e os artistas oriundos de reality shows tomam conta das paradas, não tem escapatória... corre pro Green Day. Entendo. O que não dá para entender de forma alguma é chamar o som redondinho dos caras de punk. “Ah, mas eles têm atitude punk”. Cadê? No musical da Broadway? Gostem de Green Day, ok, mas pelo amor de Joey Ramone, deixem a palavra "punk" longe de uma frase que tenha o nome do trio.
Quer alguém punk hoje? Pegue a M.I.A. A mulher tentou uma infinidade de vezes se apresentar nos Estados Unidos e teve o visto negado. Agora, pelo menos, ela arrumou uma justificativa. Sim, evidente que estou falando do clipe de “Born Free”, em que soldados estampando a bandeira estadunidense no uniforme saem à caça de ruivos. Romain Gavras, diretor do clipe, deu uma entrevista elucidativa à Folha de S.Paulo em que diz, entre outras coisas: “O que gera tanto mal-estar é que as histórias dos dois clipes [o outro é para a faixa “Stress”, do Justice] não deixam claro para as pessoas o que elas devem pensar. Para quem está acostumado a ser conduzido a uma conclusão, isso é chocante” e “Sinceramente, não acho que isso seja violência extrema. O mundo é violento, e você precisa ser cego para não enxergar isso.” Dá pra discordar? Ou você acha que o mundo se restringe ao que você vê na tela do computador? Leitores e imprensa caíram de pau no vídeo, que também foi excluído do YouTube. Por que o Tarantino pode? Em teoria, é tudo ficção, não? O problema é que um é mais ficção que o outro? Então é melhor fechar os olhos... sei. E se M.I.A. e o Gavras estão querendo chamar a atenção? Nos dias de hoje, quem não está?! Antes isso do que ver a Lady Gaga portando uma lagosta na cara, propagando aos quatro cantos essa coisa que ela chama de música e dando lição de comportamento a uma geração já suficientemente alienada.
Claro que a realidade é doída, mas é isso ou viver uma vida ficcional em um mundo de mentira. Eu prefiro o punk de verdade. Aliás, na mesma entrevista, Gavras menciona o que está ouvindo.Dead Kennedys é uma das bandas. Isso é punk. E coerência de princípios.
Agora, #putafaltadesacanagem mesmo é este guri. P****, guri! Com todo esse talento e essa baita voz, você me escolhe “Paparazzi”!? Ah, se é meu filho... Castigo na certa! No cantinho do quarto, só ouvindo um repertório escolhido a dedo por mim. Ah, é! Não tenho filhos, nem planos de... você que tem, faça alguma coisa! A não ser que você queira que ele se una à família Restart e, quando bravo, se manifeste xingando no Twitter. Muito.
Os Ramones eram uma bosta juntamente com Sex Pistols, aquilo era só pose, não música. Gostem de Ramones mas pelo amor de Joe Strummer deixem o termo "musica boa" de lado. Como que tu fala de punk e só fala de Ramones? a such cliche!!!
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